Em 14 de Fevereiro de
2011, o jogador Ronaldo Fenômeno, visivelmente emocionadíssimo, anuncia sua aposentadoria nos campos de futebol.
Eu nunca gostei de
futebol. Sou São Paulina por simpatia e Palmeirense de coração.
Costumo dizer que sou São Paulense!!! Mas nunca fui fanática. A
fase dos meus 17 anos foi meu auge de torcedora. Tinha camisa, meião,
assitia aos jogos, mas nunca cheguei a ir ao Estádio torcer. Foi
quando o São Paulo também estava no auge, em 1993 e 1994.
Conquistou vários campeonatos, inclusive a Taça Libertadores da
América. Depois disso, só assistia aos jogos da Seleção
Brasileira e olhe lá. Mas com o passar do tempo, a gente vai se
inteirando mais dos assuntos: política, economia, educação,
atualidades e esporte, entre eles o futebol.
O Ronaldo Fenômeno foi
um dos jogadores que posso dizer que acompanhei a carreira. Não
assim tão a fundo, mas vi o começo, o auge, a queda, a volta por
cima. Muitos outros jogadores famosos já pararam nessas duas décadas
passadas, mas nenhum tinha sido tão próximo. O Ronaldo tinha uma
simpatia, um carisma diferente. Era um menino magrinho com cara de
bom moço que tinha tudo pra conquistar o mundo. E conquistou!
Era tão menino quando
começou a ter fama, sucesso e dinheiro que podia ter ficado
deslumbrado e ter perdido o foco. Mas não aconteceu. Tinha uma
estrutura emocional bem trabalhada. Nunca esteve envolvidos em
escândalos. Só lembro de um episódio, aquele que foi pego com um
travesti. Mas ainda assim, ele foi a TV, deu seu pronunciamento, teve
grandeza de falar sobre sua fraqueza. Quem de nós fala de nossas
fraquezas assim abertamente pra todo mundo saber? Fraqueza, a gente
costuma esconder. Ninguém quer se mostrar pequeno.
Ronaldo estava no topo
quando lesões começaram a acontecer e atrapalhar seu desempenho em campo. Mas ele sempre voltava. Quem
pode esquecer daquela imagem de Ronaldo caindo no chão com a mão no
joelho que saltava pra fora??!! Uma dor que todos sentiram. Mas ele
sempre voltava. Ele sempre se recuperava, sacudia a poeira e dava a
volta por cima. E fez isso em 2009 quando voltou ao Brasil pra jogar
no Corinthians e conquistou mais dois títulos:
Campeonato Paulista e Copa Brasil. Só que torcedor é ingrato. Nunca
está contente com nada. Quer sempre mais e mais. Não quer saber de
problemas pessoais ou de saúde. E aí Ronaldo passou de heroi a
vilão. Foi quase agredido, vaiado, insultado. Ronaldo percebeu que
era hora de parar. Tinha chegado ao seu limite. Mais uma vez teve
grandeza de anunciar que ia parar.
O ser humano quer sempre
transpor seus limites. Quer sempre se superar. Quer chegar o mais
alto que puder. Não quer admitir que não pode, que não sabe, que
tem dúvida. Quer sempre se mostrar superior. Isso começa na escola.
Sou professora do Ensino Fundamental II e Ensino Médio. Ministrei
aulas de Gramática e Técnicas de Redação. Era difícil o aluno
que admitia ter dúvidas ou que não tinha entendido a explicação.
Eles têm vergonha de se sentirem menores. Medo de serem vítimas de
vaias e de brincadeiras maldosas. Crescem com isso na cabeça: não
podem dizer que não sabem, que não entendem. Devem sempre mostrar
que são bons em tudo. Ninguém é bom em tudo. A não ser que sejam
superdotados.
A minha homenagem vai pro
Ronaldo. Um menino-homem que caiu várias vezes, mostrou suas
fraquezas, seus medos, levantou, mostrou sua força e soube a hora de
parar. Quando entendemos e ouvimos o nosso corpo e conhecemos nossas
limitações, sabemos até onde podemos chegar. O Ronaldo chegou onde
tinha que chegar. E teve a humildade de reconhecer. Claro que ele pode e vai fazer muita coisa por trás
do futebol, mas uma etapa foi finalizada.
A música de Marcelo D2
“Sou Ronaldo” diz tudo sobre essa carreira brilhante. Merece ser
ouvida hoje mais do que nunca.
Hoje, eu Sou Ronaldo!!!
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